Conquista histórica
Após 11 anos, MST toma posse das terras da Frunorte
A Oficiala de Justiça Julieta lima ler o mandato de emissão de posse.
O MST de Carnaubais vive hoje um importante capítulo de sua história.
Gritando palavras de ordem, os trabalhadores abriram a porteira.
Os trabalhadores acampados no Rosa Luxemburgo estão em festa. Na manhã dessa quinta-feira, 30, as famílias integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) receberam a emissão de posse de três, das cinco fazendas pertencentes à extinta Frunorte. Os imóveis estão localizados as margens da RN 404, no município de Carnaubais.
Os trabalhadores que moram em barracos de lona preta, debaixo de sol e chuva, em frente aos portões das fazendas agora são donos das terras. A decisão favorável foi dada no último dia 8 pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 8ª Vara Federal do RN.
Assinaturas
Na solenidade de imissão na posse das fazendas Água Branca I e II e Olho D’ água, estiveram presentes superintendente do Incra, Paulo Sidney Gomes; da procuradora do Incra Viviane Dutervil; do prefeito de Carnaubais, Luiz Gonzaga Cavalcante Dantas; além da oficiala de justiça, Julieta Araújo Lima, MPA, vereadores e secretários municipais.
Após o processo de análise realizado por técnicos do Incra/RN, os imóveis foram considerados improdutivos e, assim, adequados para criação de assentamentos da reforma agrária. Nas áreas das três fazendas, o Instituto desapropriou 1,3 mil hectares, onde serão assentadas 100 famílias.
A Fazenda Arraial I e II, que também compõe o complexo, aguarda decisão judicial para ser desapropriada ainda neste ano. Juntas, as fazendas (Água Branca I e II, Olho D Água e Arraial I e II) somam aproximadamente 1,8 mil hectares.
Discursos
Paulo Sidney: “Vocês deram um enorme passo rumo a dignidade”.
- “Agora é fazer essa terra produzir e mostrar que a reforma agrária vale à pena. Vocês vão ter condições de trabalhar com acesso ao crédito, casas, energia, água e uma terra de boa qualidade”, disse.
Luizinho: “Não existe movimento mais digno e legítimo do que o MST”
- “Vocês estão recebendo, além de terra, cidadania. Por este motivo eu defendo a reforma agrária e posso afirmar que hoje é um dos dias mais felizes durante os primeiros meses de nosso mandato”.
Antonio Júnior, líder do MST: “Esse será um assentamento modelo”
“Nossa luta não termina aqui. A partir de agora essa história vai ser inscrita com muito trabalho associativo, coletivo de produção”.
As dificuldades
O bebê de colo, Moysias Valdeni é um filho da luta. Nasceu e está se criando no acampamento sob lonas plásticas que serve de berço para proteger do sol e do frio. Assim como Jailma Pessoa, dezenas de mulheres deram a luz no Rosa Luxemburgo.
Tudo no acampamento é improvisado. O local chama atenção de quem passa na rodovia. Expostos ao perigo, muitas são as histórias pra contar. Mas o que importa é que as famílias realizaram o sonho de possuir uma terrinha para viver.
Tony Martins