domingo, 10 de outubro de 2010

Entrevista

Rosalba Ciarlini
 
Leia trechos mais importantes da entrevista concedida pela governadora eleita Rosalba Ciarlini ao Diário de Natal, edição deste domingo.
Quando a senhora pretende dar início ao processo de transição?
Só lá para o final do mês. Eu estou viajando agora, vou descansar e me desligar de tudo. Quando eu retornar é que vou pensar nisso. Tudo tem seu tempo.
A senhora não tem equipe montada ou o coordenador dessa transição?
Não, ainda não.
O que mais preocupa a senhora no que diz respeito a informações por parte do atual governo?
O que eu desejo é que o governador tenha a responsabilidade - e eu acredito que ele terá - de nos fornecer todas as informações necessárias em termos financeiros, em termos de convênios, de empréstimos, de funcionalismo. Porque, até hoje, nós não conseguimos saber quantos funcionários e cargos comissionados tem o Estado. Tudo isso é muito importante que a gente saiba para, a partir daí, formular as reformas que a gente pretende colocar em prática e como vamos trabalhar.
Em relação ao secretariado. Qual vai ser o principal critério na formação da sua equipe de auxiliares?
Pessoas competentes e preparadas dentro de cada área.
E em relação à participação dos partidos que deram sustentação à sua campanha?
A gente vai conversar, vai na analisar, vai discutir essas questões, mas não há nenhum compromisso de reserva de mercado para ninguém.
Qual será sua primeira providência ao sentar na cadeira de governadora a partir do dia primeiro de janeiro? Qual será o seu primeiro ato?
Isso eu só poderei anunciar depois de conhecer como o governo está.
A senhora pretende fazer alguma auditoria, por exemplo?
Sobre isso, eu não pensei. Primeiro eu preciso conhecer como está o Estado. Mas farei tudo que for necessário, inclusive uma auditoria, se entendermos a necessidade.
A senhora vai passar 10 dias afastada e o deputado Rogério Marinho disse que iria procurar a senhora para que articulasse o apoio dos prefeitos ao candidato a presidente da República José Serra. Como a senhora vai fazer esse trabalho e qual será a sua participação nesse segundo turno?
Eu já comecei, na realidade, fazendo a convocação ao eleitor de Mossoró quando comemoramos a nossa vitória. Eu ficarei ausente na primeira semana de campanha, mas quando retornar, vou participar da campanha. O senador Agripino, que é o presidente do partido estará à frente desse trabalho de coordenação. Até porque Serra é o mais preparado, o mais experiente, é o melhor para continuar o que tem de bom hoje no Brasil.
Durante a campanha, os seus adversários a acusaram de querer desvincular a sua imagem da do presidenciável José Serra e chegaram a insinuar que a senhora usava essa estratégia como forma de deixar o eleitor na dúvida se a senhora seria ou não candidata do presidente Lula. Como a senhora avalia isso?
Olha, o povo do Rio Grande do Norte é inteligente. Você veja a nossa votação em Natal, em Mossoró. O adversário tem que dizer, faz parte do jogo. Eles tentaram de todas as formas nos desmontar, criando uma falsa imagem minha. Mas focamos a nossa campanha no Rio Grande do Norte, nas questões de interesse do Rio Grande do Norte. Eles queriam fugir desse debate e nacionalizar. Opovo estava querendo saber quem iria governar, quem iria presidir era outra questão. Até nos debates eles tentaram fugir entrando para questões que, de certa forma, não estavam interessando ao eleitor.
A senhora guarda alguma mágoa dos seus adversários nessas eleições em função de temas abordados durante a campanha?
O Rio Grande do Norte é tão grande, fui eleita para uma missão tão especial que não há lugar para mágoa não.
Que avaliação a senhora faz do governo Wilma/Iberê?
Essa avaliação o povo já fez.
O Rio Grande do Norte é um dos dois estados nos quais o DEM conseguiu eleger os governadores no primeiro turno. Como a senhora avalia a situação do partido no país?
Eu acho que o partido avançou bastante porque não tinha nenhum governador e agora tem dois. O partido cresceu na representatividade, agora, com um governador no Nordeste e outro no Sul.
A que senhora credita a sua vitória?
O sentimento popular, o desejo de mudança. A nossa campanha reascendeu a esperança. E nós não podemos deixar morrer nunca. Porque se morre a esperança, morre o sonho e sem um sonho não se consegue alcançar os objetivos.
A senhora acredita que a estratégia do voto casado foi a grande estratégia dessa campanha também?
Foi fundamental mostrar essa união que já vinha acontecendo. E nós temos, agora, o Rio Grande do Norte três vezes mais forte porque vou poder contar também com três senadores - Agripino, Garibaldi Alves e Garibaldi Filho - e isso é um bom começo para a união da nossa bancada federal.
Em relação a essa parceria com a bancada federal, como a senhora pretende que seja essa relação?
Eu fiz contato com os deputados, parabenizando, mostrando que a campanha passou e nós temos que estar juntos abraçando uma só bandeira que é do Rio Grande do Norte. Quando chegar os momentos de embates, cada um vai defender o seu espaço e o seu partido, mas agora só existe espaço para uma bandeira e um só partido que é o Rio Grande do Norte. Como eu vou fazer tudo em defesa dos interesses do nosso estado, eu vou estar pedindo o apoio deles. Eu me sentia muito incomodada quando o governo ia a Brasília para tratar dos mais diversos assuntos e aos senadores dava as costas. Nós sabíamos pela imprensa. Mesmo assim nós ajudamos, nunca negamos uma emenda coletiva, nunca deixamos de defender no Senado aquilo que era bom para o Estado. Mas o Estado perdeu muito também por essa forma de condução que era dada pelo governo. Aliás, que é dada porque o governo ainda não terminou.
Em caso de vitória da ex-ministra Dilma Rousseff, a senhora teme que esse tipo de problema, hoje atravessado por Natal, se repita pelo fato de pertencerem a blocos adversários?
Não. Porque eu já trabalhei como prefeita com o governo adversário, tanto estadual como federal. O mais importante é a união da bancada. Nós somos um estado pequeno. A nossa representação na Câmara é menor do que a da Paraíba, muito menor do que a do Ceará. E, para superar isso, nós temos que ser maiores com a força da união para que a gente possa reivindicar tudo o que for bom para o nosso Estado de forma em bloco. Não é o interesse pessoal de A ou B, é o interesse coletivo. É dessa forma que eu vou trabalhar. Seja quem for o presidente, eu serei incansável na defesa dos interesses do Rio Grande do Norte porque nós não iremos lá com o pires na mão. Nós iremos lá levando o que nós conseguimos produzir para o país de petróleo, sal, de agronegócio, da pesca, do turismo.
A eleição ocorreu no domingo, mas já se tem notícias de articulações em torno da eleição depresidente da Assembleia Legislativa. Qual será a participação da senhora nesse processo? Caberá ao vice-governador eleito, Robinson Faria, a articulação dessa questão?
Essa é uma decisão muito própria da Assembleia. Eu respeito essa independência do poder, a sua autonomia e eles vão escolher quem vai estar à frente de uma casa que é deles. E Robinson, até o dia 31 de dezembro ainda é deputado. Com certeza, com a experiência que tem de vários mandatos, vai estar no centro dessa discussão.
O seu slogan da campanha da senhora era "Pra fazer acontecer". Algumas pessoas criticaram porque diziam que ele não dizia muita coisa, era evasivo. O que a senhora pretende fazer acontecer no Rio Grande do Norte nos próximos quatro anos?
Em primeiro lugar, temos que reconstruir a credibilidade do governo, reconstruir as ações públicas de saúde, de educação... Educação é fundamental. Aliás, ambas são. A saúde é imediata e a educação é futuro. Nós temos que melhorar a educação, se não nosso futuro ficará cada vez mais distante. Nós precisamos fazer ações básicas que são obrigação do governo e que não estão acontecendo, com honestidade, mostrando onde está cada centavo que é do povo.
Fonte: Diário de Natal.

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