terça-feira, 3 de maio de 2011

IPANGUAÇU DEBAIXO D’ÁGUA

AUDIÊNCIA EM BRASÍLIA É ESPERANÇA DE SOLUÇÃO DEFINITIVA PARA ENCHENTES EM IPANGUAÇU

 
Limpeza do Pataxó já apresenta resultados, mas o número de famílias desabrigadas continua aumentando. Prefeitura envia equipes médicas a comunidades isoladas.
Mesmo sob chuvas constantes, a limpeza do Rio Pataxó, no trecho emergencialmente liberado pelo Idema na semana passada, já apresenta resultados. Após mais de uma semana de avanço contínuo sobre o município de Ipanguaçu, motivado pelo transbordamento do açude homônimo, as águas do rio estagnaram entre a noite de ontem (02) e a manhã de hoje, porém, não recuaram. O trabalho é contínuo. Desde a última sexta-feira (28) três máquinas atuam na remoção da densa vegetação presente no leito do rio em uma área de preservação ambiental.
De acordo com o prefeito de Ipanguaçu, Leonardo Oliveira, percebe-se nitidamente a melhoria no fluxo das águas do Rio Pataxó. “Esse resultado já era esperado, pois a água corre normalmente nos pontos em que a prefeitura limpou o rio em 2009. Passamos dois anos tentando obter licença do governo para realizar essa ação. As máquinas só saem daqui quando este trabalho estiver totalmente concluído”, garantiu Leonardo.
Segundo dados da Defesa Civil do município, até o início da tarde de hoje (03) as águas do Pataxó já haviam atingido quatro bairros da cidade (Maria Romana, Ubarana, Manoel Bonifacio e Frei Damião) e isolado 13 comunidades rurais (Santa Quitéria, Barra, São Miguel, Luzeiro, Cuó, Lagoa de Pedra, Itú, Picada, Porto, Salinas, Deus nos Guie, Sacramentinho e Pau de Jucá). Foram transferidas quase 135 famílias para abrigos municipais, onde recebem da prefeitura benefícios que vão desde o fornecimento de cestas básicas à assistência médica.
Além dos atendimentos nos abrigos, médicos e enfermeiras estão realizando visitas às comunidades isoladas, examinando a população e aplicando as vacinas da campanha contra a gripe em crianças, gestantes e idosos. “As equipes de saúde visitarão todas as comunidades isoladas, nas quais só se chega atualmente de canoa. Quatro (Picada, Lagoa de Pedra, Itu e Porto) já foram atendidas. A ordem das visitas é definida de acordo com prioridades estabelecidas por critérios técnicos” disse a secretária municipal de Saúde, Sumaira Fonseca.
Buscando uma solução definitiva para as enchentes que atingem o município há décadas, abalando duramente sua economia e população, o prefeito de Ipanguaçu viaja à Brasília na próxima semana. Na capital federal, Leonardo Oliveira pretende agilizar o trâmite do projeto de macrodrenagem do Rio Pataxó, que já existe e custou aos cofres públicos mais de R$ 400 mil. “Esta é uma obra complexa, estimada em mais de R$ 27 milhões, e que foi projetada para resolver definitivamente esse problema. Precisamos de todo o apoio possível para que ela seja realizada, de modo a trazer paz para a nossa população”, afirmou.
Deputada solicita audiência com Ministro da Integração Nacional
Ontem (02) em Brasília, a deputada federal Fátima Bezerra registrou em Plenário sua solidariedade à população de Ipanguaçu, e afirmou já ter solicitado audiência com o ministro Fernando Coelho, da Integração Nacional, para tratar sobre as obras para a macrodrenagem do Rio Pataxó. “O projeto executivo foi feito com recursos da União, através de Emenda nossa. Esperamos contar com a presença da governadora e da bancada federal do RN nessa audiência. A parceria entre os governos e a prefeitura será decisiva para resolver de vez esse problema”, afirmou a deputada.
Enviado por Rodrigo Medeiros
Fotos: Keyson Cunha/ REGISTRANDO


IPANGUAÇU DEBAIXO D’ÁGUA 2
Nas comunidades Pau de Jucá, Lagoa de Pedra, Itu, Picada, Porto, Cuó, Luzeiro, São Miguel, Barra, Salinas, Deus Nos Guie, Santa Quitéria e Passagem, todas localizadas na zona rural de Ipanguaçu, só é possível chegar com o auxílio de canoas e cerca de 650 famílias estão ilhadas. De acordo com a assessoria de imprensa do município, 60% da população do município está na zona rural. As famílias que tiveram as casas atingidas pelas águas foram alojadas em abrigos públicos instalados em escolas municipais e estaduais, ou para casas de parentes e amigos. Na cidade, os bairros mais atingidos foram Maria Romana, Ubarana, Manoel Bonifácio e Pinheirão.
Moradores da comunidade rural Luzeiro, o agricultor Valdemiro Alves Martins, 40, e a dona de casa Maria do Socorro da Rocha, 38, enfrentaram a água no joelho para chegar à secretaria municipal de Assistência Social para pedir ajuda. “A comunidade está isolada, é água por todos os lados. Nossa casa só foi atingida pela água no domingo, mas nós montamos uma barraca de lona em uma parte mais alta do sítio e estamos dormindo lá. Nós não podemos sair de lá porque temos galinhas, pato, até uma vaca, e se sairmos o povo pode roubar. Estamos aqui para pedir ao menos uma cesta básica pra gente”, disse o agricultor.
A família da dona de casa Maria Cirino da Silva Lima, 63, não teve como permanecer em sua casa, no bairro Maria Romana, e foi levada para a Escola Municipal Professora Maria Rizomar de Figueiredo Barbosa, que hoje serve de abrigo para 12 famílias. Em um local que antes funcionava uma sala de aula, ela organizou os poucos móveis que conseguiu salvar. “Somos oito pessoas aqui, vivendo de improviso, sem ter idéia de quando poderemos voltar pra casa”, disse, angustiada. Essa não é a primeira vez que dona Maria é levada com a família para um abrigo. Em 2009, ela permaneceu três meses em um local improvisado pela prefeitura, por causa das inundações. “Todo ano é assim, todo mundo sabe que isso vai acontecer e ninguém faz nada. Os prefeitos prometem daruma casa em outro lugar, tirar a gente de lá, e até hoje nada. Quando a água baixar eu sei que eu vou voltar é pra minha casa velha mesmo, que é a úni ca que eu tenho”, disse.
Outras 127 famílias estão na mesma situação de dona Maria. Vivendo em abrigos, esperando a água baixar para voltar para suas casas. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Ipanguaçu, Luiz Alberto da Silva, todas as famílias que estavam em locais de risco foram levadas para abrigos e o órgão permanece de plantão para auxiliar novas vítimas, caso o nível da água do rio continue a subir.
As crianças de Ipanguaçu estão sem aulas desde o início das inundações porque a única escola municipal localizada na área urbana da cidade serve de abrigo para as famílias e os alunos das nove escolas da zona rural não têm como chegar aos colégios. A assessoria de imprensa do município informou que a secretaria municipal de educação está viabilizando palestras e atividades culturais nas escolas que servem de abrigo e que as aulas só serão retomadasquando as famílias retornarem para suas casas e as dependências dos colégios forem desocupadas.
Fonte: Diario de Natal

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