Nesta
quinta-feira, 15, após quatro meses de investigação acerca de concursos
realizados pelas empresas Concsel e Soluções em municípios do interior
do Estado, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN)
desencadeou a Operação “Q.I”, dando cumprimento a quatro mandados de
prisão e nove mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Juízo de
Direito da Comarca de Martins, resultando na prisão de mais três pessoas
em razão de flagrantes de crimes, totalizando sete pessoas presas.
A
operação contou com o apoio da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária
Federal, com diligências de buscas e prisões simultâneas nas cidades de
Natal, Parnamirim, Martins, Mossoró e Severiano Melo, onde 19 Promotores
de Justiça e mais de 120 policiais militares cumpriram as ordens
judiciais.Polícia apreende farta documentação na sede da empresa
A
investigação iniciou-se na Comarca de Santa Cruz e posteriormente
passou a ser conduzida pela Promotoria de Justiça de Martins juntamente
com o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado
(GAECO), descortinando uma organização criminosa que atuou na realização
de concursos públicos no interior do Estado e, notadamente, no
município de Martins no mês de outubro deste ano.
A
quadrilha fraudava os concursos públicos através de acordos ilícitos
para o ingresso de pessoas no serviço público através do pagamento de
“propina” e concessão de outros favores. A investigação comprovou que o
esquema comandado pelos sócios da empresa organizadora de concursos
públicos Concsel, aprovam pessoas indicadas por integrantes dos Poderes
Executivo e Legislativo dos municípios ou através do pagamento de
valores direto pelo próprio candidato. Os candidatos assinavam gabaritos
fraudados, preenchidos pela própria organização criminosa em momento
posterior à realização das provas com a marcação de respostas corretas
em número suficiente para a aprovação dos favorecidos.Sede da Prefeitura de Martins foi interditada pela polícia
O modus operandi da quadrilha instalada dentro da Concsel, empresa organizadora de concursos públicos pode assim ser resumido:
a)
contato com prefeitos ou secretários, com oferta de elaboração de
projetos de lei que determinem a criação de cargos públicos ou
reformulação da estrutura administrativa;
b)
contato posterior para elaboração de editais e demais atos da licitação,
oportunidade em que é acertada a vitória da empresa Concsel na
licitação em troca de aprovação de candidatos;
c) conluio com empresas “parceiras” para fraude aos procedimentos licitatórios;
d)
acerto com municípios, através de funcionários do alto escalão,
normalmente secretários de administração ou saúde, procuradores,
prevendo o número de vagas destinadas a pessoas ligadas aos mesmos,
sendo fornecida pelo município lista com o nome dos candidatos a serem
aprovados;
e) acerto com clientes fixos e eventuais, vendendo vagas em troca de dinheiro e outros favores;
f) coleta de assinaturas dos candidatos em gabaritos preenchidos pela quadrilha.
No
concurso público do município de Martins, realizado no último mês de
outubro, vários candidatos foram aprovados em razão dessas fraudes.Até um cofre foi retirado da prefeitura e levado para investigação
Ressalte-se,
desde já, que a investigação contra a empresa Concsel Concursos e
Seleção de Pessoal Ltda EPP se deveu as suspeitas levantadas contra a
Soluções Métodos e Seleção de Pessoal Ltda ME, as quais possuem o mesmo
quadro societário e que já fora alvo de investigações e ações
anteriores, em razão da prática de fraude a licitações.
Além
das fraudes nos concursos públicos, a quadrilha igualmente praticou
outros delitos, como fraudes à licitação, corrupção passiva e tráfico de
influência.
Após o cumprimento das mencionadas
ordens judiciais, o Ministério Público Estadual analisará os documentos
apreendidos e, em tempo hábil, oferecerá denúncia acerca dos fatos
delituosos investigados. (Com informações da Assessoria de Imprensa do MPRN).
Fotos: Blog Martins em Pauta
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